quinta-feira, 19 de abril de 2012

PHILIPPE PERRENOUD




Philippe Perrenoud

"Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos para solucionar uma série de situações",
 Perrenoud



Área de Interesse:

O sociólogo suíço Philippe Perrenoud discorre sobre temas como formação, avaliação e desenvolvimento de competências.



Biografia: 

 Philippe Perrenoud, de acordo com sua própria definição, não é pedagogo, mas um sociólogo interessado pela Pedagogia, cujo principal objetivo é melhorar a compreensão dos processos educativos. E é isso que esse suíço, nascido em 1944, faz com muito êxito desde o início da década de 1970, quando começou a pesquisar a fabricação das desigualdades e do fracasso escolar. Professor das áreas de currículo escolar, práticas pedagógicas e instituições de formação na Universidade de Genebra, onde se tornou pesquisador e teórico rigoroso, Perrenoud vem contribuindo não apenas para uma melhor compreensão do que acontece na escola, mas também para a mudança de seu funcionamento, na tentativa de torná-la cada vez menos injusta e desigual.

Um dos novos autores mais lidos no Brasil. com alguns títulos publicados em português, vendeu nos últimos três anos mais de 80 mil exemplares. O principal motivo do sucesso é o fato de ele discorrer, de forma clara e explicativa, sobre temas complexos e atuais, como formação, avaliação, pedagogia diferenciada e, principalmente, o desenvolvimento de competências.
Esse é um dos pontos mais reconhecidos de seu trabalho. “Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações etc.) para solucionar uma série de situações”, explica ele. “Localizar-se numa cidade desconhecida, por exemplo, mobiliza  as capacidades de ler um mapa, pedir informações; mais os saberes de referências geográficas e de escala.” A descrição de cada competência, diz , deve partir da análise de situações específicas.
A abordagem por competência também é utilizada quando Perrenoud fixa objetivos na formação profissional. No livro 10 Novas Competências para Ensinar, ele relaciona o que é imprescindível saber para ensinar bem numa sociedade em que o conhecimento está cada vez mais acessível:

1- Organizar e dirigir situações de aprendizagem;
2- Administrar a progressão das aprendizagens;
3- Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;
4- Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho;
5- Trabalhar em equipe;
6- Participar da administração escolar;
7- Informar e envolver os pais;
8- Utilizar novas tecnologias;
9- Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10- Administrar a própria formação. 






Philippe Perrenoud e a formação docente

Após duas conferências em quatro cidades Brasileiras, Philippe Perrenoud e Mônica Gather Thurler em 2011 publicaram o livro intitulado As competências para ensinar no século XXI: A formação dos professores e o desafio da avaliação. Pela editora Artmed.
Desta forma, a presente obra se propõe a tratar sobre a formação do professor no século XXI e em um segundo momento sobre a avaliação em ciclos de aprendizagem , assim como, os problemas quando se adota essa proposta curricular que busca se pautar na fuga de uma visão tradicional e hierarquizada de ensino. Os capítulos construídos pela Mônica Thurler se propõem a ratificar e instigar discussões sobre as novas práticas escolares. Esse trabalho  desenvolvido pela professora Mônica passa a ser uma extensão do pensamento de Perrenoud.
Para Perrenoud cabe aos professores compreender em um primeiro momento que a educação é um processo dinâmico e que os educadores precisam se reconhecer como parte essa realidade, assim como, buscarem ferramentas para compreender e acompanhar esse desenvolvimento. Assim, o autor inicia seu trabalho convidando os seus leitores a um plano imaginário futurista baseado em uma educação não mais construída nos pilares do ensino tradicional e sim em um sistema de estudo tecnológico e disciplinado. Aproveita para lembrar e discutir em um segundo momento da obra qual a finalidade da escola. É fato que esse conceito se já foi desvelado estar perdido nos moldes da contemporaneidade!!
A ideologia se faz presenta na formação dos professores e esta pode e deve se modificar em função da realidade a qual os educadores estão inseridos. Ora o que se torna um desafio para elaborar conceito sobre a identidade da escola. Desta forma, busca em Morin os setes saberes para pautar seus escritos e provoca os docentes ao afirmar que é um desafio ensinar esses sete saberes já apresentado a UNESCO. E aponta uma lista mestra para que os educadores saibam o que devem valorizar enquanto concepção de ideológica.
1.    Uma transposição didática baseada na analise das práticas e em suas transformações.
2.    Um referencial de competências que identifique os saberes e as capacidades necessárias.
3.    Um plano de formação organizado em torno das competências
4.    Uma aprendizagem por problemas, um procedimento clinico.
5.    Uma verdadeira articulação entre teoria e prática
6.    Uma organização modular e diferenciada
7.    Uma avaliação formativa baseada na análise do trabalho
8.    Tempos e dispositivos de integração e de mobilização das aquisições
9.    Uma parceria negociada com os profissionais
10. Uma divisão dos saberes favorável à sua mobilização no trabalho.
Perrenoud faz uma provocação no primeiro momento aos profissionais que se consideram estudiosos da educação e que não possuem fundamentação epistemológica e pedagógica para isso, sugerindo que os mesmos conheçam a realidade dos educadores primeiro. No segundo momento sugere que se identifique quais competências se pretende buscar/desenvolver para a partir desse momento se basear em um ensino fundamentado e direcionado. No terceiro ponto faz uma observação para a criação de um plano de partida e não aos que só visam à chegada e desvalorizam o processo. Para explicar o quarto ponto usa o exemplo do ensino tradicional de medicina, mas acredita que a educação deve apresentar os estudos de casos para que os educandos compreendam o problema na sociedade de forma real.
            Já no quinto ponto busca uma interação entre teoria e prática. Esse fenômeno já é muito explorado em países da Europa que apontam essa interação com uma coisa nova. No sexto ponto cita e explica sobre a  organização modular o autor sugere que as universidades e escolas respeitem o regionalismo e suas particularidades negando o caráter exclusivamente  universal do conhecimento. Para o sétimo ponto o autor sugere uma avaliação que respeite o processo formativo do educando e que o mesmo reconheça esse instrumento enquanto processo de reorientação da sua aprendizagem. No oitavo ponto denominado de tempos e dispositivos  de integração chama atenção para o cuidado nas relações de aprendizagem , ou seja, o quanto pode ser rico para os educando aprenderem com a diversidade. No nono ponto aborda a necessidade da parceria entre a instituição e os professores para um trabalho educativo de sucesso. No decimo ponto chama atenção para as competências como mobilização dos saberes.
            Após abordar esses eixos o autor discorre sobre a avaliação e o modo perverso como esta se apresenta ora para o aluno, ora para os professores que não compreendem mais, ou nunca compreenderam a funcionalidade pedagógica deste instrumento.
Desde a educação infantil ao ensino superior se percebe segundo Perrenoud que a avaliação é punitiva e não formativa, pois virou instrumento de poder para as instituições e educadores. Segundo o autor é visível nas universidades até mesmo nos cursos de pedagogia esse instrumento cair em decadência enquanto meio para mensuração e retroalimentação de resultados. E propõe um sistema que respeite o tempo e espaço dos educando para construir seus saberes, tomando como base a pedagogia libertadora, Freire  e Morim afirmam  que se faz necessário que educadores e instituições cheguem  ao ponto em comum para a criação de um instrumento que valide essa nova concepção sobre educação no seu contexto e fazer social.
Para Perrenoud a aprendizagem torna-se mais significativa quando trabalhada em ciclo plurianuais e para ratificar esse pensamento ele apresenta cinco motivos são eles:
1.    Etapas mais compatíveis com as unidades de progressão das aprendizagens.
2.    Planejamento flexível das progressões, diversificação dos percursos.
3.    Maior flexibilidade quanto ao atendimento diferenciado dos alunos, em diversos tipos de grupos e dispositivos didáticos.
4.    Maior continuidade e coerência durante vários anos, sob a responsabilidade da equipe.
5.    Objetivos de aprendizagem relativos há vários anos, construindo referenciais essenciais para todos e orientando o trabalho docente.

Assim, Perrenoud faz um contra ponto entre um sistema tradicional e um que pensa em uma avaliação significativa, pela proposta de  trabalharmos com os ciclos, que segundo ele, teríamos condições de acompanhar o desenvolvimento no processo e não vendendo informação pelo método anual. Enquanto a avaliação fugiria do sistema certificativo, ou seja, aquele que garante ao estudante um certificado que informa para a sociedade que está apto ao mundo profissional quando na verdade até mesmo a escola sabe que não é bem assim. O ensino por ciclo se relaciona bem com a vida profissional por permitir ao educando que percebe como o mundo se apresenta fazendo com que o mesmo reflita sobre a temática e sua inserção no mercado formal de trabalho.
Desta forma, o Perrenoud apresenta uma concepção de ensino  significativo que perpassa pelo pensamento de Morin e Freire , além de outros teóricos da educação. Nesse contexto ele convida o educador a repensar sua prática no processo ensino – aprendizagem  no inicio do século XXI, pois torna-se inaceitável  um educador que não concebe as mudanças ocorridas pela sociedade da informação.

Referências Bibliográficas

Acessado em 19/4/2012

PERRENOUD, Phillipe; THURLER, Monica Gather; MACEDO, Lino de; MACHADO, Nilso José; ALLESSANDRINI, Cristina Dias (organizadores) As competências para ensinar no século XXI: a formação dos professores e os desafios da avaliação. Porto Alegre: Artmed Editora 2008.
Video de Perrenoud no programa roda viva disponível em: ttp://www.youtube.com/watch?v=AQvAVuTPW80  




Equipe:



  • Jane Queize Cruz Aragão

  •  Josenice Santana dos Santos Mangabeira

  • Fabiola boaventura cruz Leal

  • Luiz Carlos Sacramento da Luz

ANTONI ZABALA


Biografia de Antoni Zabala


Catalão, formado em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidade de Barcelona, na Espanha, Antoni Zabala preside atualmente o Instituto de Recursos e Investigação para a Formação e é diretor do Campus Virtual de Educação da Universidade de Barcelona. Responsável pela maior transformação do sistema de ensino espanhol, pós-ditadura de Franco, o educador tornou-se uma referência internacional na educação.



Estudioso e mestre dos diferentes aspectos do desenvolvimento curricular e da formação de professores, Zabala presta consultorias a escolas e ministérios da educação de diferentes países na América Latina, como Argentina, Peru, Bolívia e México.


Nos últimos oito anos, tem ministrado palestras e conferências em diferentes instituições de ensino por todo o mundo. O professor é um crítico sobre a resistência dos órgãos que regulamentam os sistemas de ensino brasileiro e espanhol..


Defende a criação de provas orais dentro do exame vestibular e de cargos de tutores para o ensino fundamental e médio. Para o educador uma boa escola é aquela que prepara o aluno para a vida e não para uma prova "elitizada" que pauta, inclusive, a vida de quem nem sequer terá acesso às universidades.

Obras de Antoni Zabala:                                                                                                                          


ü  A prática educativa: Como ensinar -1998

ü  Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula -1999

ü  Enforque globalizador e pensamento complexo: Uma proposta para o currículo escolar-2002

ü  Como Aprender e Ensinar Competências



Alguns pontos interessantes, dentre tantos outros que se pode levantar ao se ler esse autor são:
- a diferenciação de educador e professor
- a transgressão do saber pelo saber
- a busca por um processo de ensino e aprendizagem que vise os vários âmbitos da vida do aprendente
- a busca por uma escola que eduque além de ensinar
- o currículo escolar pensado através do pensamento complexo e da teoria geral dos sistemas.








 


Concepções de escola, ensino e aprendizagem

             A concepção de aprendizado para Antoni Zabala consiste em reproduzir informação. Relacionar-se em classe, um ajudando o outro, configura uma forma de aprendizagem, considerados agentes educadores.
            Zabala adota o modelo de aprendizado da educação infantil. Onde as crianças não ficam sentadas em fileiras em sala de aula ouvindo o educador, elas são dinâmicas. Desenvolvem-se em grupos, um observando o outro e aprendendo, o que sabe mais ajuda o que sabe menos. O educador não é transmissor de conhecimento, ele ajuda a todos, avaliando quem realiza e quem tem dificuldades. Portanto o enfoque pedagógico deve está centrado na diversidade e no conhecimento prévio de cada educando.
          O modelo de avaliação também é formativo. Os professores não avaliam seus alunos pelos seus erros, e sim pelos seus acertos, e são orientados em suas necessidades. A espontaneidade da criança lhes beneficiam, não é constrangedor dizer que não sabe. Quanto adolescentes e jovens, este processo não acontece, por temerem o constrangimento. Para Zabala (2010) “Está claro que devemos ir de um modelo seletivo para um modelo orientador, centrado no que o aluno sabe e não naquilo que ele não sabe; na sua capacidade e potencialidade”.



                                                                                     
Concepções de Ensino 

Por trás de qualquer proposta metodológica se esconde uma concepção do valor que se atribui ao ensino, assim como certas idéias mais ou menos formalizadas e explicitas em relação ao processo de ensinar e aprender.
Antoni Zabala

Para Zabala, o processo de ensino não pode se limitar a um único modelo e sim há diferentes modelos, pois é necessário atenção á diversidade de alunos em sala de aula.
O educador deve perceber as dificuldades de cada aluno, saber propor ajudas, bem como formas de superar suas dificuldades propondo sempre desafios , mediando o caminho para que ocorra o aprendizado.
No que se refere à função social de ensino, o autor pretende que os educandos não só desenvolva suas habilidades cognitivas e motoras mais sua autonomia, sua inserção e atuação social.
Segundo Zabala (p.28)
"Educar quer dizer formar cidadãos e cidadãs que não estão parcelados em compartimentos estanques, em capacidades isoladas".
Zabala defende a concepção construtivista como aquela que permite compreender a complexidade dos processos de ensino/aprendizagem. Para esta concepção “o ensino tem que ajudar a estabelecer tantos vínculos essenciais e não-arbitrários entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios quanto permita a situação” (p. 38).

Escola para Antoni zabala

O professor Antoni zabala vem por muito tempo pesquisando as escolas dos tempos atuais e utilizou vários sistemas para compreender como o incremento humano social e cultural é importante para que haja desenvolvimento e aprendizagem.
Escola tem que formar estudantes para a sociedade para a vida e não preparar o educando unicamente para o vestibular.  Pois quando o educando é preparado para a vida, ele tem o direito a escolhas, desta forma tornando-se um profissional preparado para o mundo, exercendo a cidadania, tornando cidadãos comprometidos com o seu trabalho de maneira fantástica e produtiva.
Desta forma a escola deve ter uma boa estrutura organizacional, promovendo atividades em que todos participem do mesmo contexto e obtenham o mesmo pensamento educacional e social.
E a partir da proposta acima citada (educar para o mundo) que surge a principal intuito da escola, que é educar em tempo integral, Para zabala a educação se da com o individuo em contato com o meio e as experiências adquiridas sobre si e as pessoas que estão ao seu redor. Está relacionada com a resolução dos conflitos, evidenciando que quando o aluno é educado em tempo integral, aprende mais não só os conteúdos explicitados no currículo escolar, mas a ter mais habilidades, técnicas e até estratégias relacionadas a o trabalho e a vida.
A escola que visa ensinar baseando-se na teoria positivista tem a função de preparar o educando unicamente para universidade, Para zabala a escola tem que proporcionar para o educando, um espaço interativo em que o mesmo aprenda de forma saudável, o que esta relacionada aos conteúdos programáticos, 


"Pautar o ensino no vestibular é um erro"
Antoni Zabala, responsável pela reforma do ensino espanhol, é a favor da formação para a vida e não para a faculdade.
 Marina Caruso 

Entrevista Zabala:

ISTOÉ – Qual é o maior desafio da educação brasileira?
Antoni Zabala – O maior problema da educação não é regional, é mundial.
Hoje, o que urge, tanto no Brasil quanto no mundo, é a mudança de um sistema educacional de elite para um sistema de educação para todos.
Nos quatro cantos do mundo a universidade é o grande referencial do ensino. Quando, na verdade, o que se deveria buscar é que todos os cidadãos possam ser competentes no que fazem, independentemente de terem nível superior.
Pautar todo o ensino numa prova de vestibular é um erro.
Precisamos mais de mão-de-obra qualificada do que de estudiosos cheios de títulos, então por que não valorizar os profissionais que têm mais experiência prática do que teórica
uita importância à morfologia e à sintaxe porque a própria estrutura gramatical da língua é mais complexa.
A universidade é um reflexo disso.
Queremos pessoas que sejam competentes, e a competência está ligada à capacidade de uso do conhecimento, e não de seu armazenamento. Conhecimento aplicado é o mais importante. A pessoa competente aplica o que conhece.
Atitude, conhecimento e liberdade – isso é o que forma, realmente, alguém importante. 


ISTOÉ – Essa desvalorização é inerente ao subdesenvolvimento.
Zabala – Não é um problema de subdesenvolvimento, e sim de cultura com importância excessiva ao conhecimento teórico. As línguas latinas, como o português e o espanhol, dão muita importância à gramática, enquanto o inglês, por exemplo, não.
O domínio da língua inglesa consiste em saber ler, escrever e se expressar. O das línguas latinas, não. Nós damos maprendizagem e a vida.

ISTOÉ – E como fica o professor nesse caminho?
 Zabala – Um sistema de ensino é falho quando seu professor é falho.
O que isso quer dizer? Que o professor precisa mais do que quatro anos dentro de uma universidade.
Precisa de atualização e reciclagem constantes, pois ele está em formação constante. Tem que estar a par de tudo o que há de mais moderno em termos de educação e sociedade.
Deve fazer cursos e aprimorar-se ao máximo.


ISTOÉ – O sr. é um grande defensor do ensino que prepara o aluno para a vida, e não para a universidade. Fale um pouco sobre isso.
Zabala – Infelizmente, muitos países dão importância ao saber pelo saber.
À exceção do mundo anglo-saxônico, valoriza-se muito mais a teoria do que a
prática. Logo, as profissões práticas, reais, do dia-a-dia, como pedreiros, babás, encanadores, são muito pouco valorizadas.
Isso é um erro. Temos que lutar
contra o preconceito que existe em relação aos chamados subempregos.
A sociedade que atribui um valor ao saber pelo saber estigmatiza quem não tem
curso superior e supervaloriza a formação universitária.
Na Espanha, temos muitas carreiras de grau médio (correspondente às nossas escolas técnicas), mas elas ainda são consideradas de segunda categoria, pelo simples fato de não outorgarem nível universitário.
Uma pena, realmente, pois estamos desprezando uma mão-de-obra qualificada.

ISTOÉ – E de quem é o papel de oferecer esses cursos de reciclagem, da escola, do Estado? Ou o próprio profissional deve buscá-los?
Zabala – De todos. No caso das escolas públicas, o Estado deve bancar o
que considerar imprescindível. No caso das escolas particulares, a própria instituição de ensino deve propiciar.
Mas, em ambos, se o professor não fizer a
sua parte, não adianta. É ele que deve estar atento ao que existe de mais interessante no setor e deve alertar os diretores.
Ele também pode, e deve, decidir fazer um curso ou uma especialização por conta própria. Afinal, ele também é o agente e o sujeito de sua aprendizagem. 


Referências Bibliográficas
MARINA CARUSO (Brasil) (Org.). Pautar o ensino no vestibular é um erro. N° Edição: 1858 . Disponível em: <http://www.istoe.com.br/reportagens/6274_PAUTAR+O+ENSINO+NO+VESTIBULAR+E+UM+ERRO+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage>. Acesso em: 25 maio 05.

PALESTRANTES NOTÁVEIS (Brasil) (Org.). Conexa Eventos. Disponível em: <http://www.conexaeventos.com.br/detalhe_noticia.asp?id=21>. Acesso em: 02 fev. 2005.


São Paulo) (Org.). IMAGENS DOS LIVROS: ANTONI ZABALA. Disponível em: <http://www.livrariasaraiva.com.br/pesquisaweb/030111/didaticos/livros/?ORDEMN2=E&PAC_ID=18659>. Acesso em: 30 maio 2012.

PAOLA GENTILE (Brasil). Cristiane Ishihara (Ed.). Avaliar para crescer: No ambiente escolar, a avaliação só faz sentido quando serve para auxiliar o estudante a superar as dificuldades. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/avaliar-crescer-424587.shtml>. Acesso em: 03 jun. 2012.


ZABALA, Antoni. A pratica Educativa: Como Ensinar. São Paulo: Artmed, 1995. 224 p.



ZABALA, Antoni. Entrevista Brasil. Disponível em: http://entrevistasbrasil.blogspot.com.br/2011/09/antoni-zabala.html. Acesso em: 05 jun. 2012.


ZABALA,Antoni.video. disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=olBAKfRvTbgAcessoem: 05 jun 2012


Entrevista IstoÉ. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/6274_PA
UTAR+O+ENSINO+NO+VESTIBULAR+E+UM+ERRO+?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage. Acesso em 11.06.2012

Equipe:
Andreia de Castro Ramos
Erica Patrícia Araújo da Silvia
Patrícia Bispo Improta
Silvia Bomfim Souza


PEDRO DEMO



  Biografia de Pedro Demo

Catarinense, filho de pais agricultores estudou no Seminário dos Franciscanos, fez depois filosofia e parte da teologia. Na Alemanha fez doutorado em sociologia (1971), cuja a tese recebeu nota máxima e foi publicada em 1973(Anton Hains verlag, Meisenheim). Voltando ao Brasil, foi assessor dos bispos até 1975, quando ingressou no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (Ministério do planejamento, orçamento e gestão), onde permaneceu até 1994 e se Aposentou. Assumiu então, tempo integral na universidade de Brasília (UnB), onde é hoje professor titular do departamento de sociologia. Fez Pós Doutorado na University OF Califórnia at Los Angelis (UCLA)(1999- 2000). Publicou até o momento mais de sessenta livros, nas áreas de política social (educação) e metodologia cientifica. Desde fins de 1980 dedica-se ao desafio de formação permanente de professores.

Suas Principais Obras:
O Mais Importante da Educação Importante. Atlas, São Paulo, 2012.
Praticar Ciência – Metodologias do Conhecimento Científico. Editora Saraiva, São Paulo, 2011.
Pensandoe Fazendo Educação – Inovações e experiências educacionais. LiberLivro, Brasília, 2011.
Outra Universidade. Paco Editorial, Jundiaí, 2011.
Pedagogias“Críticas” – Mais Uma. Editora Alphabeto, Ribeirão Preto, 2011.
A Força sem Força do Melhor Argumento: Ensaio sobre “novas epistemologias virtuais”. Editora IBICT, Brasília, 2011.
Outro Professor – Alunos aprendem bem com professores que aprendem bem. Paco Editorial, Jundiaí, 2011.
O Educador e a Prática da Pesquisa. Editora Alphabeto, Ribeirão Preto, 2010.
Educação e Alfabetização Científica. Editora Papirus, Campinas, 2010.
Habilidadese Competências no século XXI. Editora Mediação, Porto Alegre, 2010 (2ª Ed., 2011).
Saber Pensar É Questionar. Editora Liber Livro, Brasília, 2010.
Pós-Sociologia– Para desconstruir e reconstruir a sociologia. Editora Universa, UCB, Brasília, 2009.
Educação Hoje- "Novas" tecnologias, pressões e oportunidades. Atlas, São Paulo, 2009.
Aprender Bem/Mal. Editora Autores Associados, Campinas. 2009.
Professor Autor. Editora Alphabeto, Ribeirão Preto, 2008.
O Bom Docente. Editora Universidade de Fortaleza - UNIFOR. 2008.
Metodologia para quem queraprender. Atlas, São Paulo, 2008.
as Educacionais. Vozes, Petrópolis, 2006 (2ª Ed. 2011).






 
Concepções de Escola Ensino e Aprendizagem

Educação tem relação forte com a construção da autonomia das pessoas e sociedade. Por meio de processos educacionais bem formulados e praticados, é possível contribuir para que a população se qualifique cada vez mais para a democracia especialmente a medida que souber pensar em sentido crítico  e propositivo. Em vista disto é fundamental superar o reprodutivismo reinante na escola, particularmente a didática da mera aula, porque as teorias e práticas da aprendizagem não abordam.
Para aprender bem é necessário pesquisar e elaborar, ler criticamente, construir textos próprios, saber argumentar e fundamentar, com objetivo maior de formar cidadãos capazes de alternativas históricas.
Educação permanente. Essa expressão é antiga, mas atualmente toma sentido mais palpável, porque significa o direito de aprender durante toda a vida, em qualquer momento e lugar, idade ou fase. Talvez seja a dimensão que mais se aproxima da noção “viver é aprender”. A demanda formal centrada em entidades especifica como escola e universidade será largada exponencialmente para tipo de demanda elástica, infinita e mesmo incontrolável, porque todos terão de se confrontar com esse desafio durante a vida toda.
Percorrer os graus de ensino (fundamental, médio, superior) já são formalidades apenas indicativas, porque todo diploma não indica nenhum término, mas só recomeço.É impossível chegar a aposentadoria sem retificar, refazer, por vezes substituir o diploma. Possivelmente, alguns seguimentos populacionais terão, pelo menos no início, maior sensibilidade ao desafio da educação ao longo da vida toda
Segundo o mesmo a educação básica avança no mundo, na expectativa que todo cidadão tem o direito de estudar em determinada fases da vida em instituições garantidas gratuitamente pelo estado. Há países europeus que já comemora 200 anos de escola pública obrigatória, um patrimônio responsável, pelo menos em parte, pelas democracias. A tendência é agora estender esse direito para todo o percurso que vai desde a educação infantil até ao ensino médio, para tornar a educação básica patrimônio popular. Já era importante a idéia de garantir o ensino fundamental, mais sempre se considerou artificial essa segmentação etária, seja porque a fase infantil é sem sombra de dúvida, muito mais estratégica para o desenvolvimento da cidadania, seja porque oito anos, é muito pouco perante o desafio de aprender sempre.
Na educação superior o acesso à universidade tende a populariza-se. Os alunos quase sempre passam 4 anos escutando aulas, tomando nota e fazendo prova. Nega-se uma das dinâmicas, mas profundas da aprendizagem e da vida, que é o processo de reconstrução de dentro para fora. Parte considerável das aulas é reprodutivas, baseadas no conceito ultrapassado da transmissão de conhecimento, desconhecendo sua própria dinâmica. Parece correta a percepção que concentra as atenções sobre os professores, porque a qualidade de aprendizagem dos alunos é relativamente proporciona a habilidade de aprender dos professores. Para que eles cuidem da aprendizagem dos alunos, é necessário que cuidemos dos professores, sobretudo lhes assegurando o direto de aprender sempre. A tecnologia em educação faz parte dessa formação continuada. Muitos desafios marcam o direito de aprender nesse espaço e é um acesso que se torna, mas popular, havendo uma impregnação crescente de compromisso pedagógico. Pois a pedagogia precisa dar conta da formação de professores, trata-se de responder tanto pela formação dos professores do curso como da formação dos professores que estão estudando no curso. Em suma, pedagogia precisa ser exemplar no perfil do professor que forma e do professor em formação. Quanto ao primeiro, trata-se de desenhar estilo acadêmico de vida plantado em pesquisa e elaboração, muito além da titulação  formal e, em especial, de dar aulas.Professor não é quem dá aula, mas, quem, sabendo aprender bem, sabe fazer o aluno aprender. Sua função é cuidar da aprendizagem do aluno. O professor precisa rever tudo de alto a baixo, pois deformamos na prática tais professores. A coisa mais comum hoje é encontrar professores de português que não sabe português. As licenciaturas são equívoco comprovado. È imprescindível rever a formação original, bem como a continuada, restrita a miseráveis semanas pedagógicas. O professor em formação precisa mais que todos, aprender a aprender, incluir em sua vida de maneira definitiva a desconstrução  e a reconstrução de sua profissão. O objetivo é um só: Conseguir que, trabalhando bem os professores, possamos fazer os alunos aprenderem melhor, já que hoje aprendizagem na escola e na universidade é disparate inacreditável.
Na visão de Demo, a educação a distancia pode aprimorar enormemente o direito de aprender, porque realça a possibilidade de estudar sempre, durante a vida toda, se ter de submeter os horários rígidos, lugares formais idades previstas. Se todos precisam não é viável colocar todos em salas de aulas porque não cabem, mas, sobretudo porque seria inútil. O mal entranhado da educação a distancia tem sido o instrucionismo, ao se reduzir a meras táticas de transmissão de informação.
O novo educador inovador trás consigo o direito de aprender há de valorizar extremante o pedagogo, em duplo sentido: no sentido profissional, reconhecendo a pedagogia como curso mais estratégico da universidade, por debruçar-se sobre essa dinâmica complexa não linear, de dentro para fora, da aprendizagem e do conhecimento; no sentido mais genérico de que todo professor deve ser pedagogo, para aprender e fazer o aluno aprender. Ao mesmo tempo, o curso de pedagogia deveria elevar sensivelmente suas exigências, primeiro, para afastar o risco de que o profissional da educação seja mal formado, e, segundo, para indicar em definitivo a valorização profissional, redondando, possivelmente, em duração não inferior a 5 anos. Todo professor precisa construir em seu perfil o desafio da aprendizagem reconstrutiva política e social.
O novo aluno está bem mais informado, pois o perfil deste aluno vem mudando de forma a apresentar suas expectativas educacionais. Primeiro, a demanda formal, mesmo continuando em seu lugar e aumentando de volume naturalmente, à medida que as educações básicas e superiores sofram abertura maior de acesso, não será a única e talvez se queira a mais pesada. Segundo, dentro da dinâmica inovadora da sociedade intensiva de conhecimento, a demanda populacional vai impor-se como marca desse milênio, fazendo da sociedade inteira bloco infinito de aprendizes ávidos por aprendizagem e conhecimento.
É consenso que a qualidade educacional da população é referencia crucial para o futuro das sociedades. Aprender e conhecer torna-se desafios permanentes, pela vida a fora sem fim. Educação e conhecimento representam estratégias centrais da construção de oportunidades na vida, tendo como horizonte a realização pessoal e social, não, o mercado é a parte de qualquer futuro mas na sua razão maior de ser.O argumento decisivo é o da formação permanente, pela qual mantemos nossa condição de sujeitos capazes de historias próprias e eticamente vinculados a projetos coletivos democráticos.
O futuro passa pela educação. Para que a educação seja estratégia de futuro precisa superar suas tendências atuais instrucionistas, o que implica recompor a pedagogia, reconhecida como curso mais importante da universidade hoje. Os formadores não podem está mal formados porque esta situação pulveriza os horizontes que a educação se propõe abrir. Ao mesmo tempo é fundamental que os avanços tecnológicos sejam monitorados pela educação, para que não se torne reforço constante do instrucionismo, particularmente no que concerne a educação a distancia.
Referindo-se a “pesquisa” é preciso distinguir a pesquisa como princípio científico e a pesquisa como princípio educativo. Trabalhando a pesquisa principalmente como pedagogia, como modo de educar, e não apenas como construção técnica do conhecimento. A pesquisa indica a necessidade da educação ser questionadora, do indivíduo saber pensar. É a noção do sujeito autônomo que se emancipa através de sua consciência crítica e da capacidade de fazer propostas próprias. Isso tudo tem por trás a idéia da reconstrução, mas também agrega todo o patrimônio de Paulo Freire e da “politicidade”, porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos outros, parasitária.
Mas a educação não é propriamente isso. Isso é meramente um processo informativo que pode ser feito pela eletrônica. Nem é preciso professor para meramente transmitir conhecimento. Mas o professor é absolutamente necessário para o processo reconstrutivo, como orientador, avaliador do aluno. A perspectiva muda bastante. O que nós estamos acostumados a ver no dia-a-dia é a proposta instrucionista, baseada no ensino, na instrução, no treinamento. Isso não é educação. Também é importante, também faz parte, mas o nível educativo se atinge realmente quando aparece um sujeito capaz de propor, de questionar. Precisamos de pesquisa e elaboração própria.
O saber pensar inclui sempre o saber intervir. Nós temos que recuperar um pouco a proximidade entre teoria e prática. Acontece que as escolas e universidades chamam de formação apenas o discurso teórico e incluem em seus currículos apenas uma pequena parte prática, chamada estágio ou coisa do gênero, extremamente desproporcional. É preciso saber colocar a prática já no primeiro semestre. Essa expectativa é muito importante. Os alunos deveriam ter nas escolas a possibilidade de aplicar o conhecimento sem cair no utilitarismo. A melhor coisa para uma teoria é uma boa prática. E a prática que não volta para a teoria envelhece e fica caduca.
É preciso, de todos os modos, motivar os alunos para a elaboração própria, para buscar a informação, para tomar a iniciativa. Porque se a gente tiver um ensino apenas passivo, como é usual hoje, as crianças não se preparam direito para a vida, pois não conseguem enfrentar coisas novas. Ao mesmo tempo, torna-se injusto com as novas gerações, que têm uma percepção muito maior pela imagem do que nós, da velha geração, que gostamos do texto. A nova geração se sentiria muito mais respeitada se pudesse construir o conhecimento através do texto, como é típico do mundo virtual. Então, os professores precisam se preparar para isso. Certamente os professores mais velhos terão mais dificuldade, mas nunca é tarde para aprender, e acho que a educação sempre teve diante de si esse desafio de aprender coisas novas. Não vai ser agora que nós vamos falhar nisso. Temos que dar conta das motivações que a nova geração prefere.
A pedagogia precisa tomar em conta o desafio do atendimento de demanda exponencial de aprendizagem permanente. É importante compor leques aparentemente conflitantes de oferta: de um lado, para dar conta de tanta coisa, é fundamental um estilo de saber pensar e inteligência capaz de reconstruir o que se aprende num lugar para outro lugar, sem perder qualidade; de outro, é preciso abrir espaços quase infinitos de exercício profissional. A demanda inclui, por exemplo, como lidar com idosos que querem aprender, segmentos profissionais dos mais variados(trabalhadores desqualificados,recuperação da escolaridade obrigatória,trabalhadores de alto nível, profissionais liberais,empresários), aprendizagem voltada para populações mais excluídas (periferias,negros,mulheres,zonas rurais,interiores0,demandas do grande público(por informação,por certificação),oferta de cursos de atualização para todos(donas de casa,cidadãos comuns, portadores de necessidades especiais),demandas por setores de produção e serviços(setor público, setor privado,recapacitação de empregados em serviço,recapacitação de professores básicos).Implica também oferta infinita de cursos s distância,com modulações intermináveis de acordo com as expectativas,sempre, porém, com devida aprendizagem.Cresce na sociedade a demanda por cursos, a exemplo das semanas pedagógicas e seminários de educação,e isso precisa ser tomado de modo profissional.
  Por fim, o curso de pedagogia deve ocupar o lugar estratégico como indicador do futuro da educação. Primeiro precisa desvencilhar-se das contradições performativas que o destroem seu âmago, quando, em vez de ser o exemplo de boa aprendizagem, é ainda exemplo de instrucionismo. Segundo, precisa alçar voo para horizontes de criatividade convincente, acenando para os outros cursos universitários as alternativas que a sociedade intensiva de conhecimento espera. Tudo começa pela habilidade de mudar a pedagogia. Pedagogo que não sabe mudar a pedagogia. Pedagogo que não sabe mudar a pedagogia jamais foi pedagogo.

                              

Referencias Bibliográficas:

Bauman, Z. (2001). Modernidade liquida. Rio de Janeiro, Zahar.
Casassus, J. (2002). A escola e desigualdade. Brasilia, Plano.
DEMO, Pedro. Educação Hoje: “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo: Atlas S.A, 2009.
Carnoy, M.(2002). Mundialização e reforma na educação. Brasilia, UNESCO.
Video sobre entrevista com Pedro Demo acesso em: http://www.youtube.com/watch?v=Vra4hclt7kw dia 07/06/12




Equipe

  • Cristiane Lopes Santos Lima
  • Eliana Bitencourt Lima
  • Maria Aparecida De Paula Borges
  • Leticia Lima dos Santos